segunda-feira, 15 de julho de 2013

OS PERIGOS DA OBEDIÊNCIA

MILGRAM, S. (1963). Os perigos da Obediência. Journal of Abnormal and Social Psychology, 67, 371-378. 





Olá pessoas!!! Segue uma nova postagem  e dessa vez iremos falar de um experimento realizado por Milgram sobre o comportamento da obediência. Esse experimento nos deixa no mínimo perplexos, revelando que pessoas comuns, como estudantes e trabalhadores podem agir de uma maneira não muito ética, sendo capazes de fazer atrocidades. 

No experimento um voluntário aplicaria choques em um indivíduo toda vez que ele errasse uma resposta. A cada erro, o choque era mais intenso. Os choques não eram verdadeiros e os indivíduos que os receberiam eram atores.  O voluntário que recebia os choques gritava de acordo com o aumento dos choques. Apenas a pessoa que aplicaria os choques não sabia da verdade. 

Por vezes o voluntário que recebia os choques gritava e implorava para parar o experimento, alegando não se sentir bem. Quem aplicava os choques, mesmo quando incomodados, continuavam a dar os choques, obedecendo as ordens do cientista (autoridade). Este afirmava a importância de finalizar a experiencia. 

Assim, observou-se que  a maioria obedeceu às ordens de continuar dando choques nos indivíduos que errassem a resposta. Isso pode ser explicado pela tendência agressiva dos indivíduos e, além disso, o experimento trazia uma legitimidade social. 


Em toda vida comunitária existe uma figura de autoridade e diante dela a obediência pode ser considerada uma virtude, lealdade, dever e disciplina. Obedecer, portanto, é o comportamento pelo qual um indivíduo acata às ordens de outro, se subordinando e cumprindo o que foi solicitado.

Um indivíduo que executa ordens muitas vezes não se considera ou ignora suas responsabilidades, o que foi demonstrado com a variação do experimento onde um voluntário administrava o choque e outro  fazia as perguntas. Verificou-se que 37 dos 40 participantes foram até o nível mais alto de choque. 

vídeo sobre o experimento. Fonte: youtube. 
Após a realização do experimento, o voluntário era informado do que realmente havia acontecido e esse se justificava dizendo que apenas acatou as ordens do cientista. Milgram concluiu que nós humanos podemos fazer coisas que julgaríamos inaceitáveis, que vão contra nossos princípios por obediência. 

O próprio experimento foi antiético ao meu ver. Colocar uma pessoa em uma situação dessas é mexer com sua moral, é causar constrangimento. Mas não podemos desconsiderar sua importância. Acredito que outros experimentos poderiam ser realizados com objetivos semelhantes, mas buscando manter a ética em pesquisa.  

Ler esse texto me levou a refletir qual seria minha atitude diante desse experimento, além de me levar a refletir sobre minhas escolhas no meu dia a dia como profissional. Será que eu deixaria de fazer algo que eu julgue errado, mesmo diante das ordens de meu superior? E você, caro leitor? lhe convido a refletir sobre essas questões, o que você faria em um experimento como esse? até que ponto iria chegar? 

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Aprendizagem Centrada na Pessoa: Contribuição para a compreensão do modelo educativo proposto por Carl Rogers.

Carl Rogers, psicólogo norte americano, ao assumir o departamento de Ciências da Educação (1957), na universidade de Wisconsin, volta-se para a Educação e desenvolve uma proposta no campo da educação, centrando-se no aluno.

Para Rogers, a terapia e o ensino devem ser centrados no cliente, de modo que o professor ou terapeuta são facilitadores no processo de aprendizagem, onde o aluno e o cliente são corresponsáveis pelo que está acontecendo, mudando a tradicional visão do professor como o centro e detentor do conhecimento.

A abordagem centrada na pessoa foi denominada de Humanista, a qual busca uma visão otimizadora do homem. Para Rogers, o homem educado é o homem que aprendeu a aprender e o ambiente de ensino deve favorecer o crescimento pessoal do indivíduo, facilitando ao máximo a aprendizagem autodirigida. 

Em sua teoria, foram desenvolvidos alguns conceitos para direcionar o modo de lidar com o outro, com a aceitação incondicional, compreensão empática (colocar-se no lugar do outro) e congruência. Esses conceitos, para Rogers, são facilitadores no estabelecimento de relação entre pessoas, tornando-se mais flexível e adaptativo esse processo. 

Segundo ele, o ser humano tem uma tendência natural à atualização, ao novo, ao conhecimento, sendo uma motivação para o indivíduo. Ele acredita na autonomia do indivíduo, o qual é capaz de escolher seu direcionamento comportamental, se responsabilizando por suas decisões.

Nesse sentido, o processo de aprendizagem vai além da transmissão do conhecimento, o professor tem o papel de facilitar, despertar a curiosidade, promover um ambiente adequado e estimular o indivíduo a desenvolver suas potencialidades. 

Rogers inspirou outros estudiosos a defenderem a aprendizagem com foco na pessoa. Podemos referenciar Paulo Freire (1996), que em suas obras aborda a busca pela autonomia dos alunos no processo de aprender, destacando habilidades que o educador deve ter para estimular o educando a desenvolver suas próprias produções e construções. 

O estudo de Rogers permite ao educador a visualização de uma trajetória a ser seguida e nos chama a uma reflexão a respeito das mudanças individuais que podem ser alcançadas para facilitar a relação interpessoal entre pessoas, promovendo a transformação interior, a busca por conhecimento e responsabilidade por escolhas. 

Capelo, F.M. (2010) Aprendizagem Centrada na Pessoa: Contribuição para a compreensão do modelo educativo proposto por Carl Rogers Revista de Estudos Rogerianos, A Pessoa como Centro, no. 5.




sexta-feira, 17 de maio de 2013

O Lama no laboratório. Podemos mudar nosso comportamento ou desenvolver habilidades incríveis por meio de treinamento?

Às vezes nos deparamos com histórias de pessoas que possuem um dom incrível  para memorizar, se concentrar ou que possuem um alto poder cognitivo. Mas será que essas pessoas já nasceram com essa capacidade diferenciada ou um treinamento dessas "habilidades" já é o bastante? Todos nós somos capazes, se treinados, de controlar nossa própria natureza? Será que alguém é capaz de controlar os reflexos de seu corpo? Será que a meditação é uma terapia alternativa para os problemas de nossa sociedade? 



O texto de " O Lama no laboratório" nos faz refletir sobre esses questionamentos, além de nos deixar perplexos com a impressionante capacidade de Öser, seguidor de Dalai Lama, em manter o autocontrole, além de sua capacidade de concentração e seu alto potencial cognitivo. A pesquisa realizada com Öser mostrou que ele possui um grande diferencial quando comparado a outras pessoas. 

Öser conseguiu driblar os reflexos de susto (impossível de controlar), manteve-se calmo e com sua fisiologia praticamente igual em meio a um debate sobre assuntos polêmicos com uma pessoa de temperamento forte e agressivo, este último apresentou alto estímulo emocional. Ele passou anos praticando meditação para desenvolver essas capacidades. 

Assim, somos todos capazes de nos desenvolvermos como Öser? A pesquisa nos revela sobre as capacidades humanas que podem ser desenvolvidas, como é o caso desse extraordinário monge. 

Embora algumas pessoas já nasçam com esse potencial extraordinário, acredito que todos nós podemos desenvolver tais mudanças, mas cada com seus limites e dificuldades. E tudo isso é possível por meio de nossa mente e da capacidade do nosso corpo de mudar. A mente e o corpo andam juntos, estão interligados, de modo que os pensamentos desencadeiam reações em nosso corpo, com isso as mudanças no pensamento e o controle de nossa mente por meio de treinos pode favorecer essa capacidade de autocontrole.



Referência:  Lama, D. e Goleman, D. (2003) Como Lidar Com Emoções Destrutivas. Rio de Janeiro: Campus Ltda 

segunda-feira, 8 de abril de 2013

O Novo sentido do Tato



O tato é um dos cinco sentidos do corpo humano. A pele, maior órgão do nosso corpo, possui mecanismos necessários para o tato. Por meio dela o cérebro recebe a sensação do toque. 

Embora seja um sentido de extrema importância, o tato não é colocado na posição que merece se comparado aos outros sentidos, como a visão. Contudo, esse sentido está mais presente no nosso dia a dia do que se possa imaginar. 

Esse sentido pode ser utilizado como forma de demonstrar carinho, amor, confiança, além de nos permitir experimentar sensações indescritíveis como pisar na areia, deitar em um sofá macio, ou ainda,  sentir dor. 

O tato é um sentido fundamental para interação mãe-bebê. Por exemplo, o Método Canguru tem sido implantado nas redes de saúde do SUS como forma de promover o contato pele a pele precoce entre a mãe e o seu bebê, maior vínculo afetivo, maior estabilidade térmica e melhor desenvolvimento, com segurança pela presença de uma equipe de saúde. 

O tato além de contribuir para o desenvolvimento de uma criança que explora o novo ambiente, está significantemente presente na vida de deficientes visuais ou prejudicado em pacientes com Hanseníase e Diabetes. Ainda, a enfermagem utiliza o tato como instrumento para examinar o paciente, palpando estruturas corporais, avaliando a temperatura, textura e percepção de movimentos. 

O texto "O novo sentido do tato" resgata a relevância desse sentido, mostrando descobertas surpreendentes, como o macacão tátil que permite a recepção de informações como altitude, inclinação, atitude e velocidade por meio de estímulos táteis. 

Vale lembrar que os nossos órgãos de sentidos são limitados e podem ser ludibriados, entretanto a integração entre os sentidos pode ser uma forma de driblar essas limitações. No caso do estímulo tátil utilizado no macacão, há uma diminuição do tempo de resposta, além de evitar possíveis acidentes causados por enganos na direção e sentido de uma nave. 

Muitos acidentes de naves ocorrem devido a desorientação espacial. Isso ocorre porque a informações enganosas de nossos sentidos. Assim, um piloto pode achar que está indo para cima, quando na verdade está indo em direção ao solo. Com o macacão, o piloto responde a estímulos táteis que respondidos como reflexo natural ao comando dado. 

O homem é um ser complexo, que utiliza de vários sentidos para sua sobrevivência e interação com o seu meio. Diante disso, devemos entender o ser humano em sua totalidade, deixando de lado o olhar simplifica que impossibilita o avanço. 

Referência:
Schrope, M. (2001). O novo sentido do tato, New Scientist, 2 de Junho, 30-33